eu...e mai nada!

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terça-feira, dezembro 13, 2005

Manuel Costa Teixeira de Mello - RIP - 9/7/1912 a 15/12/1997

Ainda ontem, quando estava a tentar adormecer no sofá, em frente à televisão, naquele sofá onde tantas vezes adormeceste ao som da tua Edith Piaf, para voltares a acordar minutos depois, lembrei-me de ti. Estava bem recostada, envolta numa manta verde quentinha, das cores do teu "clube do coração" (né meu benfiquista mai lindo?...) quando, num momento de pausa de zapping televisivo, o meu dedo pára no canal MCM. Um de música da TV Cabo. Sim, Manelito, TV Cabo. Isso existe. Sei que não é do teu tempo, e que até te pode parecer bizarro o conceito e antónimo ao pack de 4 canais (RTP, 2, SIC e TVI), os únicos que chegaste a conhecer, mas existe.
Bom, estava eu a dizer, congelei no MCM ao ouvir a Celine Dion cantar «je ne vous oublie pas... non, jamais». Acaba o clip e passo para a SIC Mulher. Começa a tocar Simply Red e «You make me feel brand new». E, a uma dada altura, ouço o "Cenourita" cantar «... for God blessed me with you...». E não é que ele tem razão? Mais do que sortuda, eu fui abençoada por te ter tido na minha vida, ainda que por uns escassos 19 anos, 4 meses, 7 dias e mais ou menos 13 horas e meia. Pouco tempo. Muito pouco. Mas bem aproveitado. Arriscar-me-ia até a dizer muito bem aproveitado.
Deixaste-me no dia 15 de Dezembro do ano de 1997. O primeiro dia em que usei o traje, o meu, completo, aquele que me ofereceste dias antes de soltares o último ai, o último suspiro. E pensar que, no dia anterior a tu me deixares, fui eu a última pessoa a falar contigo ao telefone. Se soubesse que era a nossa última vez, não tinha desligado. Ou, se realmente tivesse que desligar, acabava o telefonema com um «obrigado por tudo», porque sei que me ouvias e me irias compreender.
Obrigado por me pegares, com muito cuidado, ainda em bébé, com medo de me partir. Obrigado pelas incontáveis vezes que me deste moedas de 25 escudos, para eu andar no patinho que estava à porta daquela geladaria de esquina no Jogo da Bola na nossa Ericeira (esquina essa que agora alberga uma agência da Caixa Geral de Depósitos). Obrigado pelos almoços no Mar d'Areia (aquele restaurante também na Ericeira, de onde saíamos de almoço quase sempre por volta das 4 da tarde, porque tu fazias questão que eu a maninha - sabias que ela já casou? Estava linda e tão feliz, devias ter visto... Mas porque digo isto? Eu "sei" que tu viste... - comessemos aquilo que queriamos. Lautos repastos que alí tivemos, rematados com a(s) bela(s) da(s) mousse(s) de chocolate do Sr Egídio (sabes que ele ainda se lembra de ti? O Fernando Peça da Ericeira, o MEU Fernando Peça da Ericeira...). Obrigado pelos rolinhos que me compravas às escondidas alí no Salvador na Ericeira. Obrigado por esperares por mim à hora de almoço quando eu vinha da Coopescola. Obrigado por esperares por mim quando eu vinha do Lar dos Pequeninos à tarde. Obrigado por me teres apresentado os binómios caracóis-mini e lamejinhas-mini. Obrigado por me ensinares que pão-de-ló aos pedacitos, mergulhado e envolto em mousse de chocolate combinam que nem ginjas. Obrigado por me ensinares a TUA maneira de comer bacalhau com batatas.
MAS, ACIMA DE TUDO, E TANTO OUTRO PORMENOR QUE SERÁ SEMPRE SÓ NOSSO, OBRIGADO POR TERES SIDO MEU AVÔ!.... És um dos três homens que vou sempre amar...
(p.s.: perdoa-me por não ter conseguido olhar para ti quando partias para a tua última morada...)
(p.s.2: viste e guardas-te as fitas que lá te deixei?...)